2,(33) dias para matar 1/10 de la añoranza!

Não dormi nada na noite de quarta para quinta-feira, com a ansiedade de apanhar o avião e voltar para Portugal. Já tinha tudo arrumado e o tempo parecia que não passava. Finalmente chegada a hora de apanhar o bus para o aeroporto, estava tão elétrica que não me calava. Só pensava em voltar a ver toda a gente e poder matar saudades, ver como tudo estava, o que tinha mudado (ou não), sair à noite…
Mentalmente, revia o esquema que tinha feito há mais de não-sei-quantas semanas antes, para estes “dois virgula período trinta e três” [ = 2,(3) ] dias dessem para matar 1/10 das minhas saudades! O esquema era simples: chegar às 16h e qualquer coisa, ver o meu avô, os meus pais, fazer a mala e ir ao ensaio; na 6ª ir à escola, de manhã, ver as minhas colegas e depois passar o resto do dia com os meus pais e, à noite, mais ensaio; no sábado seria o dia do festival e iria passar o dia com a minha família e à noite ia jantar com a minha tuna, atuar e sair à noite; domingo seria apenas para apanhar o avião às 11h da manhã e rumo a Barcelona!
Na minha cabeça estava definido também que seria apenas uma visita rápida e que não me iria afetar em nada. Que conseguiria matar 1/10 das saudades e que voltaria sem problemas. A quem queria eu enganar?
Ora, para meu azar, cheguei ao aeroporto de Barcelona e, ao ver o placar de embarque, reparei que o meu voo estava atrasado 3h. Estranhei e fui perguntar ao balcão. O senhor disse-me que era um erro no sistema e que apenas estava atrasado 1h. Uma hora… só se na terra dele uma hora são 3h! Houve uma vaga (greve) dos controladores aéreos no aeroporto de Lisboa e não tínhamos avião enquanto não partisse um de lá. Não sabiam se partiria algum, quanto mais a que horas chegaria. Entrei em pânico! Sozinha em pleno aeroporto, sem saber se tinha voo. Minha nossa senhora, o esquema começava a ir por água abaixo…
O avião lá chegou e podemos entrar. Antes do avião descolar, ainda andou a passear na pista de descolagem durante uns 15 minutos, fazendo falsas descolagens. Meu, que nervosinho miudinho. Uma pessoa mentaliza-se “é agora” e depois não é! >.<’
A viagem em si também não foi muito agradável e senti-me tão enjoada e cheia de medinho! A descolagem é feita virada para o mar e, com a volta que ele dá, parece que vamos mergulhar no meio do mar. Durante o percurso, só sentia poças de ar e o avião tremia, resultado: não dormi nada e só desejava que a viagem terminasse. Por fim, o comandante anunciou “Lisboa!” e quando estava a colocar o cinto, acrescente “vamos ter de circular mais 10 minutos no ar”. OMG! O pior disto tudo foi que nesses 10 minutos, parecia que estava num carrossel! Ele virava e revirava o avião e eu só queria era descer dali para fora! Ah, e senti mesmo o gozo com a minha cara, quando sobrevoamos Setúbal, em que na minha cabeça ecoava “Estás a ver Setúbal? Está ali, mas tu ainda estás aqui”.
A minha casa estava com a mesma disposição, mas eu não conseguia encontrar as coisas que procurava. Que estranho, não me fui embora assim à tanto tempo. A verdade é que queria umas meias e não sabia em que gaveta estava, andei a abri-las todas, até que encontrei. Estava já tão habituada ao meu minúsculo roupeiro em Barcelona, que ao olhar para a minha roupa pensava “tenho mesmo muita roupa! O que vou vestir?”. Foi tão estranho! Nem sei explicar…
Estranho também foi ver o meu avô. Encontra-se tão diferente, que até me deu vontade de chorar. Assim que o vi, pensei “Este não é o meu avô!”. Está muito mais magro e a cara está tão diferente. A sério, senti-me mesmo vontade de chorar. E depois com o que me disse, mais vontade me deu. Custou-me muito vê-lo assim…
Os dias passados com a minha família dividiram-se entre passar o tempo com eles e cuidar do meu avô, por isso não consegui ir à ESE vê-las! Fiquei com tanta pena =’(
Ah, descobri que tenho uma deficiência auditiva no ouvido esquerdo, e baixa glicemia! Isto assim aqui escrito até parece fora de contexto, mas não é. Passo a explicar: a minha mãe viu pessoas na rua com sombrinhas de uma marca de farmácia e questionou-se onde estariam a dar aquilo, então fomos sondar e lá descobrimos. Quando chegamos ao local, já não estavam a dá-las, mas fizemos os testes na mesma. Agora que confirmei que sou mais surda de um ouvido, percebo muita coisa! LOLOL
Os ensaios foram espetaculares, já sentia tanta saudade deles! Aqui sou eu e elas e as coisas de Erasmus que fazemos, mas é lá que se encontra a minha vida académica toda. Estava também com medo de errar nos esquemas, então o nervosinho era mais que muito. Não ensaiava à 2 meses e meio e vir para o festival, para fazer uma figura triste, era muito mau. Felizmente não aconteceu nada disso. O festival correu otimamente! Quando vi o vídeo que elas fizeram, desmanchei-me a rir em pleno palco! Ahahaha! São mesmo muito, mas muito, muito parvas!!! =’) Partilhar o palco com elas também foi a melhor sensação do mundo!
Posto isto, tive que me despedir de tudo e fiquei com a lagriminha no canto do olho. Custa tanto ter dois dias sem quase dormir, mas muito bons e depois ter de partir, sem ter feito metade do que tinha planeado e ver que as saudades apenas aumentaram!

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